O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d'Ávila, disse
hoje (21) que o órgão defende a “plena autonomia da mulher de levar uma gestação
adiante”. O conselho anunciou hoje que vai enviar ao Senado um documento de apoio ao direito de a mulher abortar até a 12ª semana
de gravidez.
“O princípio da autonomia prevaleceu”, reforçou, durante coletiva de
imprensa. Segundo d'Ávila, a decisão, entretanto, não foi unânime – cerca de 20%
dos 27 conselhos regionais se manifestaram contrários. A expectativa é que o
documento chegue ao Congresso Nacional amanhã (22) ou na próxima segunda-feira
(25).
Sobre a idade gestacional, ele explicou que, após o terceiro mês, os riscos
para a gestante são maiores, já que o útero aumenta de tamanho e fica com as
paredes mais finas, aumentando as chances de uma perfuração. Outro fator levado
em consideração trata do sistema nervoso central do feto, que se forma, por
completo, após as 12 primeiras semanas.
“O aborto é proibido por lei. Somos uma autarquia e vamos continuar cumprindo
a lei”, disse. “O que me incomoda é a hipocrisia social. É fingir que nada está
acontecendo”, completou, ao destacar que o aborto é a quinta causa de
mortalidade materna no Brasil, sobretudo entre mulheres negras e pobres.
Para d'Ávila, a decisão do conselho, embora “audaciosa”, preserva a autonomia
da mulher e também garante a segurança da realização do procedimento médico.
Perguntado se a saúde pública brasileira teria condições de atender a todas
mulheres que desejam abortar até 12ª semana, ele avaliou apenas que o país terá
tempo para se adaptar à mudança.
“O Brasil é líder em transplantes, na prevenção e no tratamento da aids.
Basta querer. É vontade política”, destacou.
Fonte: Agencia Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário