domingo, 10 de junho de 2012

Rio+20 e MinC: Desconferência Cultura e Sustentabilidade

Os governantes dos países no século XX eram movidos pela crença de que o meio ambiente era uma fonte inesgotável de recursos. No entanto, problemas ambientais foram se agravando, como a falta de água e o aquecimento global, que forçaram uma revisão de aproveitamento dos recursos naturais.

É a partir desses fatos que é organizada, sob os auspícios da ONU, a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente – Conferência de Estocolmo, em 1972. Essa foi a primeira tentativa de âmbito mundial de revisão das relações entre Homem e Meio Ambiente. Nela foram abordados temas como a chuva ácida e o controle da poluição do ar.
As discussões contaram com a presença de 113 países e mais 400 instituições governamentais e não governamentais. Dois grupos potencializaram os debates: o dos países desenvolvidos, que defendia o "desenvolvimento zero”, e o das nações menos desenvolvidas, que apelava para o "desenvolvimento a qualquer custo”.
Como resultado dos debates, foi produzida aDeclaração de Estocolmo, importante documento que destaca o tema da preservação ambiental e uso dos recursos naturais em esfera global. Pela primeira vez o mundo se voltou para o volume da população absoluta global, a poluição atmosférica e a intensa exploração dos recursos naturais.
Vinte anos depois a comunidade internacional voltou a se reunir ao redor do tema na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), mais conhecida como ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra, em 1992 no Rio de Janeiro. O objetivo principal desse encontro foi o de buscar meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.
A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade de os países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável. Naquele momento, a posição desses países tornou-se mais estruturada e o ambiente político internacional favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de princípios como o "das responsabilidades comuns, mas diferenciadas”.
O principal documento produzido na RIO-92 foi a Agenda 21, um plano de ação para implantar um novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. Esse documento está estruturado em quatro seções subdivididas num total de 40 capítulos temáticos e concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Agora, vinte anos depois, uma nova conferência será realizada para renovar o compromisso político com o tema ambiental. É a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, chamada também de Rio+20.
Ela será realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro e será desenvolvida sobre um documento de trabalho produzido pela ONU chamado de "Draft-Zero – O futuro que queremos”.

A Cultura Rumo à Rio+20

Diferentemente da Eco92, quando o Ministério da Cultura tinha apenas 7 anos de uma conturbada existência, desta vez a cultura se fará presente no debate de forma mais enfática. Passados esses 20 anos, a relação entre cultura e meio ambiente, foi tema de várias conferencias e declarações, entre elas sobre a proteção da biodiversidade, do patrimônio cultural e da diversidade das expressões culturais.
Ao mesmo tempo, no Brasil, a cultura passou a ser tratada, em termos de políticas públicas, de forma mais abrangente, extrapolando o universo das linguagens artísticas para assumir contornos antropológicos e assumir-se como essencial no processo de cidadania e no desenvolvimento econômico.
As discussões da ECO 92 levaram à estruturação do desenvolvimento sustentável em torno de três eixos: o ambiental, o econômico e o social. Neste contexto, a cultura foi tratada pela perspectiva do campo do social.
Na atual gestão do Governo Dilma e com a Ministra da Cultura Ana de Holanda, o Ministério da Cultura vem realizando uma série de debates batizados de Cultura e Sustentabilidade: Rumo à Rio +20. No âmbito desses debates foram promovidas Assembleia Geral da Rede Interlocal, a Reunião da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades e a Reunião da Agenda 21 da Cultura em Belo Horizonte. Nesse último encontro, realizado entre 27 e 29 de outubro de 2011, foi apresentado o documento La Cultura es el cuarto pilar del desarrollo sostenible, produzido em 2010 pelo Comitê Executivo das Cidades e Governos Locais Unidos CGLU durante a Cumbre Mundial de Lideres Locales e Regionales, na Cidade do México. Em 29 de janeiro de 2012 realizamos outro encontro, no Fórum Social Temáticoem Porto Alegre. E em São Paulo, promovemos o Reunião das Altas Autoridades do Mercosul – Cultura e Sustentabilidade Rumo a Rio+20, que fez parte da agenda do MERCOSUL Cultural, com a presença da Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, que produziram a Declaração de São Paulo sobre Cultura e Sustentabilidade.
Esses espaços de discussão lançaram nova luz à inserção das expressões culturais no processo de desenvolvimento sustentável.

Desconferência Cultura e Sustentabilidade na Rio +20]

No âmbito da Rio+20, o Ministério da Cultura vai ocupar dois Armazéns na zona portuária do Rio de Janeiro.Nos dias 14 e 15 de junho realizaremos a Desconferência Cultura e Sustentabilidade na Rio +20.
O que é uma Desconferência? São fóruns auto-organizados para troca de ideias, networking, aprendizado, conversação, demonstração e interação entre pessoas. O formato de uma desconferência é baseado na premissa de que, seja qual for o tipo de profissão, as pessoas na audiência – não apenas aquelas selecionadas para falar no palco – tem pensamentos interessantes, insight, e habilidades para compartilhar. É um encontro centrado em um tema ao propósito guiado pelos participantes.
Qual o objetivo? Proporcionar um espaço para a sociedade civil debater sobre a Cultura como Quarto Pilar do Desenvolvimento Sustentável e produzir a Carta da Desconferência Cultura e Sustentabilidade Rio +20.
Qual a metodologia proposta? A partir dos encontros Rumo à Rio +20 propusemos quatro temas desenvolvidos por provocadores e publicados neste blog durante os 30 dias que antecedem ao encontro presencial (14 e 15 de junho de 2012). Durante o encontro os provocadores farão uma sistematização das colaborações virtuais que será discutida em quatro sessões. A partir dessa dinâmica será produzida a Carta da Desconferência Cultura e Sustentabilidade Rio +20.

Temas e Provocadores:

1) Cidades criativas e sustentáveis – Tião Rocha. Antropólogo, educador popular e folclorista. Fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD, MG.

2) O desenvolvimento da cultura a escala humana – Patrício Belloy – Professor, pesquisador Associado do Centro Transdisciplinario de Estudos Ambientais da Universidade Austral, Chile.

3) Os saberes tradicionais e a cultura da sustentabilidade Alfredo Wagner – Professor de Cartografia Brasileira na Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

4) Cultura digital e sustentabilidadeMichel Bauwens – Mestre em Relações Políticas/ Relações Internacionais na Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica.

Fonte: Adital

 

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